Minha imersão no universo de Ney Matogrosso: o corpo como manifesto estético e linguagem da moda


Em março, fiquei muito empolgada quando o curso presencial “Moda, Música e Transgressão”, no MIS (Museu da Imagem e do Som), foi anunciado e, logo, me inscrevi para participar. O curso, com duração de oito aulas durante março e abril, sobre o Ney Matogrosso, ministrado pelo professor Brunno Almeida Maia, me fez mergulhar no universo do artista de uma forma técnica, em questão de moda e expressão, passando por temas como conceitos e história da moda e da música dos anos 70 até os anos 2000. Em aula, movimentos como modernismo, contracultura, Woodstock, Tropicália, psicodelismo, punk, clubbers, cultura ballroom, voguing, desconstrucionismo, gêneros, identidade queer, body art e muitos outros criaram caminhos, elos e referências para a singularidade de Ney.

Ao mesmo tempo que o curso ocorria, a exposição em homenagem aos 50 anos de carreira de Ney Matogrosso estava disponível para visitação. A exposição foi um complemento essencial e imersivo sobre o curso. Figurinos, adereços, documentos, álbuns, videoclipes, detalhes e vida pessoal foram dedicados em uma linha do tempo composta por seis ambientes sobre o artista. Em uma das últimas áreas da exposição, havia um espaço dedicado ao trailer do filme Homem com H, sendo um convite aos visitantes para assistirem nos cinemas no mês de maio.

Em maio, fui ao cinema REAG Belas Artes prestigiar o filme Homem com H e, mais uma vez, absorvi um outro ponto de vista sobre a vida e carreira desse grande artista brasileiro, protagonizado por outro artista admirável, Jesuíta Barbosa. Destaco, em especial, as releituras visualmente idênticas aos álbuns e videoclipes de Ney enquanto integrante de Secos & Molhados.

Agora, em junho, o filme do diretor Esmir Filho entrou para o catálogo da Netflix, liderando o ranking de exibição na plataforma em pouquíssimos dias. Com a moda em pauta, Jesuíta Barbosa protagoniza a capa da edição de junho e julho da revista Bazaar Man, vestindo marcas como Dolce & Gabbana, DOD Alfaiataria, Zegna, Madame Sher, Montblanc, Dior, Goeye, Penha Maia e Apricus.

Essa imersão ampliou meu olhar sobre a moda como linguagem performática e política, sendo Ney Matogrosso uma obra brasileira viva, cheia de arte e expressão por meio do corpo e da voz.

Comentários